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Foto do escritorDakila News

Uso ilegal de agrotóxico causa o extermínio de mais de 100 milhões de abelhas no MT

Atualizado: 23 de ago. de 2023

As abelhas são insetos que possuem um papel fundamental no ecossistema da Terra através da polinização, produção de mel, própolis, geleias e cera. Mesmo com outros animais que também são capazes de polinizar, apenas as abelhas são responsáveis por esse feito em 80% de todas as espécies botânicas com flores.


Por conta disso, a proteção desse grupo é de extrema importância, até porque isso tudo impacta na cadeia alimentar. Sendo assim, é possível imaginar um cenário onde o Sistema Terra entra em colapso levando a extinção de grade parte dos seres vivos na ocasião da extinção das abelhas.


Consequentemente o crime ambiental ocorrido em Sorriso (MT), precisa não só ser noticiado, mas também compreendido para que se perceba o quanto uma “pequena” atitude, um “pequeno erro”, pode afetar todo um ecossistema.


No mês de junho, mais de 100 milhões de abelhas morreram, por conta do uso do agrotóxico fipronil através de aeronaves. Essa forma de aplicação é proibida para esse agrotóxico e essa infração proporcionou uma bolsa de ar, espalhando a toxina por três municípios.


A vice-presidente da associação de apicultores relata que esse cálculo de mortalidade é o mínimo, pois não é possível contar o impacto nas espécimes silvestres. Ou seja, esse valor foi baseado nas populações de colmeias domésticas.


Felizmente a associação de apicultores logo denunciou o caso para o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) que realizou a perícia e identificou uma fazenda de algodão como epicentro desse extermínio.


O proprietário foi taxado com uma multa de 225 mil reais, porém deve-se lembrar que sua infração não afeta somente as abelhas. Economicamente falando, diversos apicultores locais estão sofrendo o prejuízo diretamente, já que suas colmeias foram devastadas.


Além disso, pesquisadores apontam que quando ocorre a pulverização aérea do inseticida, parte dele não atinge o cultivo alvo e se dispersa no ar. Isso promove o agrotóxico para outras áreas, atingindo fauna e flora não previstas.


Levanta-se agora um questionamento: Como esse agrotóxico (fipronil) causou a morte nas abelhas? E quais efeitos ele pode causar nos seres humanos e outro animais?


Embora ele seja amplamente usado na medicina veterinária para: controle de pulgas, carrapato e piolhos; e na agricultura como: inseticida, formicida e cupinicida estudos mostram que ele também afeta organismos não-alvo.


O seu mecanismo é sistêmico e letal aos insetos. Isso porque, ele danifica o sistema nervoso central do inseto, inibindo seletivamente os receptores do ácido gama amino butírico GABA, causando uma hiperexcitação dos músculos e nervos dos insetos contaminados.


Mesmo que uma dose reduzida não afete diretamente outros animais, o fipronil é absorvido por todas as partes das plantas e pode se espalha com facilidade pelo solo por ser miscível em água, possibilitando afetar indiretamente todo o ecossistema.


Sua aplicação foliar e diretamente no solo, pode atingir águas subterrâneas e alcançar lagos, rios e até mesmo o oceano.


Visto isso, alguns estudos apontam espécies da ictiofauna que foram capazes de biotransformar e bioacumular a forma mais tóxica desse composto, o que afeta toda a cadeia alimentar. Simplificando, alguns peixes contaminados, quando consumidos poderão intoxicar seus predadores (seres humanos inclusos).


Importante ressaltar que todo agrotóxico tem um potencial tóxico, reforçando isso o Ministério da Saúde fez um balanço entre 2007 e 2015, onde registrados mais de 84mil casos de intoxicação por agroquímicos, esses dados incluem os venenos de uso doméstico.


Ademais, o INCA (Instituto Nacional do Câncer) divulgou em 2015 um estudo apontando um consumo médio mensal de 5,2 quilos de veneno agrícola por habitante no Brasil.


Esse estudo também destacou os riscos da exposição crônica podendo gerar infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal e efeitos sobre o sistema imunológico.


Em suma, o uso dos agrotóxicos de forma exagerada e ou incorreta acarreta em todo um desequilíbrio do ecossistema, afetando não só a fauna e flora local direta e indiretamente como também as populações próximas.



Referências:







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