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  • Foto do escritorDakila News

Tecnologia 3D é usada para restaurar peças indígenas

Atualizado: 30 de mai. de 2023

A digitalização de peças arqueológicas vem permitindo que ceramistas do Pará produzam trabalhos em sintonia com a arte de antigas comunidades indígenas brasileiras. Um acervo em 3D - produzido por um estúdio belga - está disponível para consulta no Museu Emílio Goeldi, em Belém.

O acervo está reunido na plataforma Atlas of Lost Finds, do estúdio belga de design Unfold, especializado na criação digital e impressão de peças em cerâmica. Inicialmente, estava voltado para a reunião de objetos do Museu Nacional e tinham sido escaneados ao longo de 20 anos antes do incêndio de 2018. Posteriormente, passaram a incluir no acervo imagens 3D de peças cerâmicas ancestrais da cultura marajoara que estão dispersas pelo mundo.

Colaboradora do trabalho, a artista visual Anita Ekman considera que a digitalização 3D possibilita um repatriamento simbólico. Segundo ela, há parcerias com diferentes museus onde se encontram as coleções, tais como o Peabody Museum de Harvard, o Museu do Quai Branly, da França, e o Museu Etnológico de Berlim, além de oito museus brasileiros, como o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP).

Atlas of Lost Finds-Marajuára

Uma Residência Artística Como Proposta de Decolonização de Acervos Museológicos- Francisco Simões (O projeto utiliza da palavra 'decolonização' pois entendem que seria errôneo o uso da palavra 'descolonização' visto que é impossível (descolonizar algo/alguém))


ORIGEM DO PROJETO: Bacharel em imagem e som pela UFSCAR, com experiência na área de arte principalmente em- música, educação, tecnologia, fabricação digital e cultura colaborativa, Francisco Simões

Francisco Simões

que atualmente trabalha no CEMADEN- Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), iniciou uma pesquisa em meio a pandemia sobre impressão 3D com cerâmica, o mesmo já utilizava de impressão 3D a mais de 8 anos. Buscando passar por um momento de altas crises e fechamento de comércios e escolas, Francisco procurou se reiventar. Ao entrar em um site relacionado a impressões com cerâmica, de um estúdio na Béligica de nome (Unfold) pode observar que havia uma chamada aberta

em andamento, convidava artistas e interessados para recriar em cerâmica uma peça que foi perdida no incêndio que afetou o Museu Nacional no Rio de Janeiro em 2018. Essa tragédia acabou levando a perda de milhões de artefatos importantíssimos para a história do Brasil.

Incêndio no Museu Nacional-RJ


Francisco foi o único brasileiro a participar dessa chamada aberta.

Junto aos demais presentes reconstruíram uma garrafa Chimú. Chimú é onde hoje conhecemos como Peru, país da américa latina. Uma civilização que fez uma importante contribuição na história da cerâmica (objetos e cerâmicas com formato de animais).


Francisco conheceu Claire Warnier e Dries Verbruggen, designers do estúdio (Unfold)



o casal o ajudou com a impressora 3D para que Francisco pudesse utiliza-la com argila. Nesse processo Francisco aproximou sua irmã (Anita Ekman), pesquisadora da cultura pré-colombiana, artista e performance, que foi quem o auxiliou na parte de contatos e comunicação para compartilhar esse projeto e demais conhecimentos alinhados. Após imergir nesse projeto que reproduz artefatos/objetos arqueológicos do Brasil que estão espalhados pelo mundo a fora, (com a mesma argila usada pelos povos criadores)


ILHA DO MARAJÓ-PA


afim de manter os artesanato dos povos indígenas eternizados na história. Vendo as possibilidades que poderia explorar, Francisco teve a ideia de replicar esse projeto para a recuperação de urnas Marajoaras. O projeto conseguiu financiamentos com o governo da Bélgica, com o consulado da Fraça com instituições e universidades para levar o projeto a diante. Abaixo alguns participantes da equipe que estiveram durante 10 dias na Ilha do Marajó, recriando urnas que os mesmos escanearam.


Cerâmica Marajoara

Pintada em preto e branco com pintura geométrica espiralada e ondulante, este vaso apresenta um padrão decorativo associado ao movimento das águas, que se repete em outros suportes, como urnas funerárias e pratos.


Qual a origem da cultura Marajoara?

A Cerâmica Marajoara é uma dentre as artes em cerâmica mais antigas e elaboradas do Brasil, sendo reconhecida por sua sofisticação. Ela começou a ser produzida pelos índios da Ilha do Marajó (próximo a Belém, no estado do Pará).


Quais são as principais características da arte marajoara?

A arte marajoara ora caracteriza-se pelo zoomorfismo (representação de animais) ou antropomorfismo (representação do homem ou parte dele), bem como a mistura das duas formas (antropozoomorfísmo).


Como viviam a cultura Marajoara?

Essa complexa civilização viveu em um ambiente extremamente inóspito: muito quente e úmido, sujeito a enchentes e com solo pobre. E essa é uma das razões que levavam os marajoaras a construir enormes morros, chamados tesos, para abrigar suas casas. Estima-se que eles dominaram a ilha até o ano 1400.


Como a arte marajoara virou um símbolo da identidade nacional?

Por serem caracterizadas como peças extremamente requintadas, alguns cientistas do primeiro Museu de História Natural do Brasil consideraram a arte marajoara como digna para se tornar símbolo da identidade nacional.

A utilização da argila como material para a impressão em 3D, além de trazer para o meio uma matéria-prima natural não poluente, possibilita que, mesmo após ser modelada pela impressora, possa ainda ser reinserida nela para uma nova tentativa, evitando assim o desperdício. Este aspecto é muito importante já que a imprevisibilidade é algo inerente à produção de peças em cerâmicas, tanto manualmente como mecanicamente: deve-se considerar a consistência, a composição, a esmaltação, a queima. Uma impressora 3D de cerâmica é um tipo especializado de impressora 3D projetado para imprimir objetos tridimensionais usando materiais cerâmicos. O processo de impressão 3D de cerâmica é semelhante ao processo de impressão 3D padrão, mas com algumas diferenças específicas.

Em geral, o processo de impressão 3D de cerâmica envolve os seguintes passos:

1. Preparação do modelo: Primeiro, o modelo 3D do objeto a ser impresso é criado usando software de modelagem 3D. Isso pode ser feito por um designer ou por meio de varredura 3D de um objeto existente.



2. Preparação do material: O material cerâmico é preparado em uma forma líquida ou semi-líquida que pode ser extrudada pela impressora 3D. Isso geralmente envolve a mistura de pó de cerâmica com um líquido aglutinante.


3. Impressão: O material cerâmico é extrudado pela impressora 3D em camadas finas, que são depositadas uma sobre a outra para construir o objeto 3D camada por camada. A impressora 3D usa um bico de extrusão controlado por computador para depositar o material na posição correta.


4. Secagem: Depois que o objeto é impresso, ele precisa ser permitido para secar completamente antes de ser cozido. O tempo de secagem pode variar dependendo do tamanho e da complexidade do objeto.

5. Cozimento: O objeto impresso é então cozido em um forno de alta temperatura para endurecer o material cerâmico e torná-lo resistente e durável. O processo de cozimento é um processo crítico e deve ser cuidadosamente controlado para garantir que o objeto final tenha as propriedades desejadas.

Em geral, uma impressora 3D de cerâmica funciona de maneira semelhante a uma impressora 3D padrão, mas usa materiais cerâmicos em vez de plástico ou metal. O resultado final é um objeto 3D de cerâmica que pode ser usado para uma variedade de fins, incluindo decoração, cerâmica de uso diário e peças de arte.

Cristiana Barreto, pesquisadora e arqueóloga do museu Emílio Goeldi-PA, participa de perguntas e respostas no canal do YouTube (Arte é Investimento)

Introdução:

As cerâmicas arqueológicas da Amazônia

tiverem início aproximadamente a 7000 anos atrás, antes da chegada dos português ao Brasil. Até meados do século XX, acreditava-se que essas cerâmicas haviam sido feitas por povos de fora da Amazônia que haviam passado naquela região. No entanto com o avanço e amadurecimento das pesquisas arqueológicas, constatou-se que essas cerâmicas foram criadas por povos originários da própria Amazônia.


História das cerâmicas:

Tem se descoberto na Amazônia cerâmicas muito antigas, podendo ser relacionadas as mais antigas das Américas. Muitos pensam que os desenvolvimentos pré-colombianos começaram nos Andes ou na Meso-américa, quando na verdade, essa tecnologia do uso da cerâmica se iniciou na Amazônia.



A diversidade das cerâmicas, que foram feitas ambas pelos povos indígenas, no entanto de culturas diferentes, é tão grande que ultrapassa o número de línguas indígenas (+/- 300 línguas (hoje)), o que prova que antes existiam muito mais línguas (como cada um tinha uma maneira de processamento e design diferenciados pode-se avaliar as inúmeras diferenças/diversidades culturais existentes.)

Muitas dessas cerâmicas carregam uma tecnologia milenar, baseada em conhecimentos passados de geração em geração (cumulativos) que foram aprimorados, e assim conseguiram fazer as cerâmicas com técnicas bastante simples, mas de uma durabilidade, resistência e beleza grande.


Os cronistas que descreveram a Amazônia (por exemplo a expedição Orellana- a primeira a descer o rio Amazonas)


que nunca haviam visto cerâmicas tão belas e que apenas a cerâmica de Málaga na Espanha poderia se comparar a essas nacionais do Amazônia.



Referências: https://jessfugler.com/Atlas-of-Lost-Finds https://www.bing.com/search?q=incendio+em+museu+nacional+2018&cvid=1429018abde149b899bb3adc8e47c196&aqs=edge..69i57j0l8.6583j0j1&FORM=ANNTA1&PC=LCTS https://youtu.be/IpCQd_LMtSg https://epocanegocios.globo.com/tecnologia/noticia/2023/05/tecnologia-3d-e-usada-para-recuperar-pecas-indigenas.ghtml https://www.gov.br/mcti/pt-br/composicao/rede-mcti/centro-nacional-de-monitoramento-e-alertas-de-desastres-naturais (75) Atlas os Lost Finds – Marajoara: Uma residência artística como proposta de decolonização de acervos - YouTube

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