Sutton Hoo é o local de uma das maiores descobertas da arqueologia, os fascinantes tesouros anglo-saxões. Em 1938, o arqueólogo Basil Brown foi contratado por Edith Pretty, a proprietária do local.
A região era famosa por lendas e mitos sobre artefatos e tesouros perdidos, sendo esse um dos motivos para Edith e seu marido comparem a propriedade. Apesar das ambições do casal, Frank faleceu antes de começarem a investigar o terreno.
Em consequência disso, Edith entrou em contato com o museu Ipswitch que indicaram Brown como arqueólogo para investigar o terreno. Importante ressaltar que Basil Brown, não apresentava um diploma sequer, tendo sempre aprendido tudo sozinho e através de experiências práticas.
Brown iniciou as escavações em junho de 1938, pelo menor monte da propriedade, onde foram encontrados três túmulos. Nessa época, também foram achadas evidências que apontaram os achados como anteriores à Era Viking.
No verão do ano seguinte, começaram a escavar o maior monte. Primeiramente foram encontrados fragmentos de ferro, os quais foram identificados como rebites de barco. Nesse momento entendeu-se que eles estavam diante de um navio funerário com 1,4 mil anos, tratando-se da época em que a Grã-Bretanha ainda era habitada pelos anglo-saxões.

Apresentando 27,4m de comprimento, a embarcação é a maior já encontrada enterrada no solo. Brown também identificou uma câmera mortuária na embarcação, isto é um local onde o finado era colocado junto de suas riquezas. Sue Brunning, do Museu Britânico afirma que “O barco funerário de Sutton Hoo é uma das maiores descobertas arqueológicas de todos os tempo”.
Ao todo foram desvendados 263 objetos que além de tudo auxiliaram na datação da descoberta. Entre esses, havia armas, moedas, joias elaboradas, uma lira, um cetro, chifres para beber, vasos para banquetes, capacetes com rostos humanos, utensílios domésticos entre outros.
Essa descoberta contribuiu com estudos sobre a partida dos romanos e a chegada dos vikings na região, um processo que envolve quatro séculos e diversas lacunas. Inclusive, a hipótese dos pesquisadores de que os anglo-saxões eram um povo pouco desenvolvido e atrasado, foi refutada após a revelação desses artefatos, insinuando uma sociedade admiradora de arte e com ambições comerciais.
O achado também trata-se de um dos três únicos sepultamentos de navios anglo-saxões na Inglaterra. Assim que compreenderam a magnitude da descoberta, pesquisadores do Museu Britânico e da Universidade de Cambridge assumiram a pesquisa, delegando a Brown tarefas básicas.
Outros projetos de escavação ocorreram no local até o começo dos anos 1990, onde um navio menor foi encontrado assim como outros 17 túmulos próximos ao suposto rei, indicando um cemitério para os parentes da realeza.
Apesar das inúmeras expedições, os pesquisadores deixaram uma parte inexplorada “deixado para as gerações futuras com novas questões e novas técnicas”, disse um porta-voz do Fundo Nacional ao jornal East Anglian Daily Times em 2019.
Sutton Hoo fez um tremendo alvoroço, tanto que o jornalista e romancista John Preston, em 2007, transformou essa história em um romance “The Dig” (A escavação em português). Ainda mais recentemente, em 2021, a Netflix realizou uma adaptação cinematográfica desse livro. Inclusive ao final do filme, a obra mostra que Basil Brown não foi relacionado publicamente com a descoberta dos tesouros, afirmando “Foi apenas nos últimos anos que a contribuição única de Basílio para arqueologia foi reconhecida”.
Trailer do filme
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